Antes, preciso dizer que não sou fã da leitura de peças. Aliás até hoje, só gostei de ler uma das algumas que li. Mas foi assim que posou-se em mim esse sonho lúcido, não pude fazer nada quanto a seu formato, também não pude na hora, havia sido arrebatado e é esse um estado que me agrada profundamente. Por fim, adaptei o dialogo da melhor maneira possível que caberia (ou que consegui) neste formato.
[...]
[Um meio lobo e uma raposa se encontram em um cercado atrás do celeiro.]
Raposa (Surpresa): Que faz aqui um bicho como você?
Meio lobo (Ainda indiferente): Só procurando novos ares.
Raposa (Interessada): Hmm... Satisfazendo-se?
Meio lobo (Ainda indiferente): De certa forma.
Raposa (Com um nervosismo ciumento): Só não coma as galinhas!
Meio lobo (Só agora notando o que o cercava): Eu realmente não aprecio as galinhas, são muito pequenas, não achas?
Raposa (Curiosa e feliz): Não. Então vais dizer que preferes...
Meio lobo (Satisfeito): Raposas.
Raposa (Pretensiosa): Hunpf! Eu chutaria cabritas, só lobos inteiros conseguem pegar raposas.
Meio lobo (Com ar de quem quer saber e já sabe): E quem dita o inteiramento dos lobos?
Raposa (Vaidosa): Ora! Quem mais poderia?
Meio lobo (Conseguindo ser sarcástico e sincero simultaneamente): É uma pena, porque és a raposa de melhor pelo e de mais forte personalidade que já vi até hoje, quando falas as galinhas não temem, mas ficam caladas.
Raposa (Esperançosa): Realmente sentes o que dizes?
Lobo Inteiro (Sincero): Do contrário não diria. Eu mordo; não ladro.
Raposa (Desesperançosa): Aposto que vês muitas raposas por aí.
Lobo Inteiro (Ciente): Vejo, mas por hora, já vi a que mais precisava ver. Adeus?
Raposa (Esperançosa e ciente): Prefiro assim. Adeus.
E seguiu o Lobo, inteiro, pleno.
E seguiu a Raposa, sentido fome de ser devorada.
[...]
Ah! Eu queria ser um fio em que as metáforas pousassem com bastante frequência.