terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"Só".


Chegaram a alameda, a noite havia sido ótima, conversaram, riram, e foram felizes falando de mil alegrias e tragédias durante aquela noite. O relógio do celular dela mostrava duas e seis da madrugada. Lamentaram-se não serem amigos do tempo. Começaram a andar, ouvia-se somente o vento e os passos, nada era dito, não com a boca, também não era preciso, um entendia o outro, a noite não fora suficientemente longa, mas já haviam falado palavras suficientes.

Ele parou no meio da alameda enquanto ela dava dois passos adiante antes de parar e virar em sua direção com o vestido esvoaçando, os olhos dele brilharam quando isso aconteceu, mas ela nada percebeu distraída pela dúvida. Deu um paço na direção dele, e em perfeita sincronia ele deu um paço para trás, sem tom de brincadeira ele deu um paço na direção dela, que desta vez deu um paço para trás. E seguiu-se uma espécie de tango a dois pasos de distância num inaldível ritmo extasiante, sem terno, rosa, ou vestido vermelho. E continuaram assim, até o momento em que ambos deram um paço muito maior para frente.

E estavam ali, um tão perto do outro que nem a física pode explicar como não se tocaram, o reflexo do olhar dela de encontro com o reflexo do olhar dele, os rostos tão próximos que sentiam como se compartilhassem uma única respiração, não sentiam frio na barriga, o calor ocupava-lhes todo o corpo e alma, e estavam claramente instigados por algo que só os amantes entendem, e "só".



Eu nunca entendi muito bem.


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